quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Comentários Eleison: VEM, MENINO JESUS!

 

Por Dom Williamson

Número DCCCVI (806) – 24 de dezembro de 2022

 

VEM, MENINO JESUS!

 

Melhor ser atravessado por uma espada flamejante,

Do que escandalizar os pequeninos de Nosso Senhor.

 

Eis a história de um milagre ocorrido poucos dias antes do Natal de 1956 na Hungria ocupada pelos comunistas. A história chega até nós através de um tal Pe. Norbert, pároco em Budapeste, que tempos depois fugiu para o Ocidente. Ela já deve ser conhecida por alguns leitores destes “Comentários”, mas não o é por todos. O texto foi retirado de https://americaneedsfatima.org/childrens-stories/come-infant-jesus. Agradecemos ao site “America Needs Fatima”.

 

Gertrude era uma militante comunista raivosa que trabalhava como professora do primário em uma escola de meninas. Ela assumiu como missão tentar roubar a fé católica de suas alunas, e constantemente zombava de sua crença ou ensinava-lhes o marxismo. Uma aluna em particular, Angela, uma pequena líder inteligente e devota, pediu ao Pe. Norbert para deixá-la receber a Sagrada Comunhão diariamente para ajudá-la a suportar a constante perseguição de sua professora. “Ela vai persegui-la ainda mais”, advertiu-a o Pe. Norbert. Mas a menina de dez anos insistiu que precisava de Jesus mais do que nunca.

 

A partir daquele dia, sentindo que havia algo diferente, Gertrude iniciou uma verdadeira campanha de tortura psicológica. Em 17 de dezembro, a professora concebeu um truque cruel, com o objetivo de desferir um golpe mortal contra o que ela chamava “antigas superstições que infestavam a escola”. Com uma voz doce, ela começou a ensinar o materialismo ateu às crianças, argumentando que só as coisas que podem ser vistas e tocadas é que existem. Para ilustrar seu ponto, ela pediu a Angela que saísse da sala. Então fez com que toda a sala de aula a chamasse de volta. As meninas gritaram: “Angela, entre!”, e Angela entrou naturalmente, intrigada, mas desconfiada de que ali houvesse uma armadilha.

 

“Vejam, meninas”, explicou Gertrude, “porque Ângela é uma pessoa viva, alguém que podemos ver, ouvir e tocar, quando a chamamos, ela nos ouve. Mas suponhamos que... chamássemos o Menino Jesus, em quem algumas de vocês parecem acreditar... vocês acham que Ele as ouviria?”. Houve um silêncio carregado... Então, algumas vozes disseram timidamente: “Sim, cremos”. “E você, Ângela?”, perguntou a professora. Agora Ângela compreendia. Ela esperava uma armadilha, mas não tão terrível. Porém, ela respondeu com fé ardente: “Sim! Eu creio que Ele me ouve!”. Gertrude soltou então uma gargalhada alta e longa. Em seguida, voltando-se para a classe, disparou; "Bom, então vamos chamá-lo!”. Silêncio. Os argumentos da comunista não tinham sido totalmente ineficazes.

 

De repente, Ângela correu para a frente da sala, com os olhos brilhando. Diante de suas colegas, ela gritou: “Ouçam meninas, vamos chamá-lo! Chamemo-lo todas juntas: ‘Vem, Menino Jesus!’”. Todas as meninas ficaram de pé e começaram: “Vem, Menino Jesus! Vem, Menino Jesus...”. Gertrude se assustou. Ela não esperava essa reação. Mas as jovens continuaram. Agora, uma aura de esperança rodeava a pequena líder. Quando a expectativa estava no auge, a porta da sala de aula se abriu silenciosamente, e um brilho intenso resplandeceu ali, entrando na sala de aula e aumentando ligeiramente como a luz de um grande fogo suave. No meio desse esplendor, havia um globo que brilhava com uma luz ainda mais clara.

 

Enquanto as meninas e a professora observavam, inertes, o globo se abriu, revelando um belo menino vestido com uma túnica brilhante. Seu sorriso era encantador, e as meninas sorriam de volta, em perfeita paz e alegria. Então, suavemente, o globo se fechou e desapareceu pela porta. As crianças ainda olhavam extasiadas naquela direção, quando um som agudo as fez voltar a si: "Ele VEIO!", gritava a aterrorizada professora, “Ele VEIO. . . . !!!”, que em seguida fugiu pelo corredor.

 

O Pe. Norberto interrogou as meninas uma por uma. Ele atestou sob juramento que não encontrou a menor contradição em seus relatos. Quanto a Gertrude, foi internada em um manicômio. O tremendo choque da aparição afetou sua mente ímpia, e ela não parou mais de repetir: “Ele veio! Ele veio!”.

Kyrie eleison.

 

sábado, 24 de dezembro de 2022

Comentários Eleison: O COLAPSO DO OCIDENTE

 

Por Dom Williamson

Número DCCCV (805) – 17 de dezembro de 2022

 

O COLAPSO DO OCIDENTE

 

Então, de quem é a casa que pode resistir a todas as tormentas?

Somente a d’Ele, construída em Deus, e não sobre areia!

 

O Natal se aproxima, e o cenário mundial está sombrio. O que Nosso Senhor diz aos Seus Apóstolos? “No mundo tereis tribulações, mas tende bom ânimo, pois eu venci o mundo” (Jo. XVI, 33). Lembremo-nos do que Ele venceu com o resumo abaixo de uma conversa realizada em setembro passado com um dos melhores comentaristas que aparecem agora regularmente na Internet, Gonzalo Lira (busque no Youtube por: “End of Abundance w/Gonzalo Lira (live)”):

 

O Ocidente está à beira do colapso civilizacional. Estamos entrando em território obscuro com o que se anuncia para o nosso futuro próximo, como a vinda da moeda digital e o sistema de crédito social. O presidente da França, Macron, declarou o fim da “era da abundância”, e nos dizem que cada crise será “pior do que a anterior”, e não haverá retorno ao “velho normal”.

 

A crise da covid de 2020 foi sucedida pela crise da Ucrânia de 2022, na qual os líderes ocidentais praticamente declararam guerra à Rússia usando a Ucrânia como vítima. As sanções foram planejadas para prejudicar o povo russo e derrubar o governo no Kremlin. No entanto, em sua arrogância, esses líderes julgaram mal a economia russa. A Rússia não precisa do Ocidente. Existem agora outros compradores do gás russo. O Ocidente perdeu sua posição dominante na economia global. As exportações de petróleo bruto russo sancionadas pelo Ocidente foram redirecionadas para China, Índia e Brasil.

 

As sanções contra a Rússia aceleraram o inevitável colapso econômico do Ocidente. A base industrial do Ocidente foi esvaziada. A renda das pessoas está implodindo. Os custos dos combustíveis e dos alimentos estão aumentando. Estamos prestes a sofrer outra Grande Depressão, como a dos anos de 1930; uma depressão inflacionária não vista na Europa desde a Alemanha de Weimar. Essa grande depressão econômica será acompanhada por escassez de energia e de alimentos.

 

Será que existe uma saída para o colapso iminente das economias ocidentais? Somente acabando com as sanções. No entanto, o Ocidente está dominado pela insanidade e pela psicose em relação à Rússia. A histeria tomou conta. Existe agora no Ocidente um ódio e uma desconfiança arraigados da Rússia, alimentados por um constante bombardeio de propagandas e mentiras. A farsa do “Russiagate” fez de Trump um “agente russo” e um “fantoche de Putin”. Como poderá o Ocidente retornar dessa psicose à política racional?

 

E qual é a resposta da classe política ocidental ao colapso social e econômico da Europa? Culpar Putin. A crise energética é “culpa da Rússia”. No entanto, foi o Ocidente que transformou a energia em arma e iniciou a guerra de sanções. Mesmo que agora as potências ocidentais quisessem chegar a um acordo, por que a Rússia o aceitaria? A Rússia não negociará com o regime de Zelensky, este sim um fantoche do Ocidente. Não se pode confiar na palavra do Ocidente após o fracasso dos acordos de Minsk. O destino da Europa é sofrer com a fome, o frio e a escuridão. O dano durará por gerações. (Daquela entrevista, realizada no outono, pra cá, ninguém menos que uma ex-dirigente ocidental, Angela Merkel, chanceler da Alemanha de 2005 a 2021, admitiu em público que os dois acordos de Minsk de 2014 e 2015 foram assinados por líderes ocidentais simplesmente para obter tempo para que a Ucrânia se preparasse para a guerra. Por que a Rússia deveria agora confiar em qualquer tentativa de negociação da parte deles?)

 

Voltemos a Nosso Senhor: “Portanto, não vos preocupeis” por comida ou bebida ou roupa (ou luz ou aquecimento), pois “seu Pai celestial sabe que necessitais de tudo isso. Buscai primeiro o Seu reino e a Sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Mt. VI, 31-33). Mas se, caríssimos leitores, a humanidade despreza Sua própria existência, sem falar em Seu reino e Sua justiça, o que ela pode esperar? Ver Mt. VII, 26-27.

Kyrie eleison.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Comentários Eleison: AS PERGUNTAS QUE SE SEGUEM – III

 

Por Dom Williamson

Número DCCCIV (804) – 10 de dezembro de 2022

 

AS PERGUNTAS QUE SE SEGUEM – III

 

Como os herdeiros do Arcebispo podem ser tão cegos?

O mal é bom, para a “mente aberta” dos liberais.

 

3 Excelência, ao acompanhar os últimos números destes “Comentários”, fiquei um tanto confuso. O Capítulo Geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X em 2012 foi ou não foi obra de traidores? Em caso afirmativo, por que ser tão tolerante com eles? Se não, por que qualificar seu trabalho como “desastre”?

 

Devo admitir não ter havido clareza suficiente, o que reflete a confusão causada pelo Concílio Vaticano II (1962-1965), onde, tal como o grito de Macduff após o assassinato de Duncan (Macbeth, II, 3), “A confusão agora fez a sua obra-prima”. Mas deixemos que o Catecismo tente esclarecer essa confusão.

 

Para que um pecado seja mortalmente grave, são necessárias três coisas: em primeiro lugar, que o pecado seja em si mesmo, objetivamente, suficientemente grave para causar a morte espiritual da alma; em segundo lugar, que o pecador esteja consciente de que seu ato é mortalmente pecaminoso; e, em terceiro lugar, que ele dê seu pleno consentimento para cometer o ato pecaminoso. Isso significa que se alguém comete o que é de fato um pecado mortal sem saber que o é, então o ato é objetivamente pecaminoso, mas não subjetivamente, por causa de sua ignorância. Foi esse o caso de muitos católicos depois do Vaticano II.

 

Pois, no Vaticano II, um complô diabólico para destruir a Igreja Católica conseguiu persuadir os clérigos na liderança da Igreja a substituir a verdadeira Fé centrada em Deus por uma falsa paródia dessa Fé, centrada no homem. E esses clérigos – dois Papas e cerca de 2.000 Bispos – continuaram, por sua vez, a persuadir a grande maioria das almas católicas em todo o mundo a adotar a nova religião humanista, porque esses Papas e Bispos pareciam ser aquela Autoridade que essas almas sabiam que Cristo havia instituído para conhecer, pregar e proteger a Verdade, ou seja, Suas próprias verdades imutáveis de salvação. Portanto, os líderes do Vaticano II, que sabiam exatamente o que estavam fazendo para destruir a Igreja, eram extremamente culpados, enquanto quaisquer Bispos, Padres e leigos abaixo deles que foram enganados – e essa era a maioria deles – eram relativamente inocentes. Como diz o Arcebispo Viganò, na época ele não conseguia acreditar que seus colegas pudessem estar querendo destruir a Igreja. Ele crê nisso agora, porque o confronto com a imoralidade que sempre se segue à corrupção da doutrina católica abriu seus olhos para como a Autoridade havia traído a Verdade.

 

Ora, o grau exato de culpa ou inocência em cada alma que participou dessa traição desde então é conhecido por Deus, mas o bom senso é suficiente para dizer que uma grande proporção de católicos que segue a apostasia do Vaticano II desde então foi mais vítima do pecado do que pecadora, e aqui está a razão de bom senso para que nós a julguemos com indulgência. Quanto mais culpados eram os pastores, mais inocentes eram as ovelhas, porque quando seguiam os representantes da Autoridade Católica, elas acreditavam seriamente que era uma fonte segura daquela Verdade que é absolutamente necessária para salvar suas almas.

 

3b Sim, mas os maus frutos que se seguiram ao Concílio já deveriam ter aberto muito mais olhos do que abriram. Muitos católicos preferem a nova religião branda. A tolerância deve ter seus limites!

 

É verdade, e é aqui que entra o pecado objetivo de traição à Fé. A doutrina da religião conciliar é falsa, corrompe a moral, está destruindo a Igreja e enviando inúmeras almas para o Inferno. O Concílio mesmo foi o produto final de séculos de podridão moral, sempre crescente, da decadência da Idade Média em diante. Esse crescimento explica – sem desculpar – a cegueira dos Bispos que votaram no Vaticano II, porque o que o Arcebispo Lefebvre então viu, todos deveriam ter visto. Em contrapartida, pelo menos objetivamente, eles então traíram, e agora os líderes da Fraternidade que o Arcebispo construiu para resistir à podridão ainda querem colocar-se sob os líderes dessa falsa religião, mais podres do que nunca – o que pode ser exemplificado pela Traditionis Custodes. Assim, esses criadores da Neofraternidade são, por sua vez, traidores. Seu Fundador repudiou os romanos que eles amam e com quem estão hoje, segundo o que se diz, conspirando para mudar os Estatutos da Fraternidade com os quais ele montou sua estrutura. Se a informação for verdadeira, não admira que os modernistas romanos insistam em uma nova estrutura, aberta e não mais fechada à apropriação pelos traidores de Roma e da Neofraternidade.

 

Kyrie eleison.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Comentários Eleison: AS PERGUNTAS QUE SE SEGUEM – II

 

Por Dom Williamson

Número DCCCIII (803) – 3 de dezembro de 2022

 

AS PERGUNTAS QUE SE SEGUEM – II

 

Precisamos de paciência. Todas as lutas entre católicos,

Não impedirão Deus de colocar tudo em ordem.

 

Para tentarmos fazer um juízo justo sobre o recorde de 79 jovens que entram este ano nos seminários maiores da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, como se sabe (ver os últimos cinco números destes “Comentários”), pode ser útil tecermos mais algumas considerações sobre o contexto atual da Igreja. Façamos isso mantendo o negrito na próxima pergunta.

 

2 Excelência, por que o senhor é tão relativamente indulgente nas suas críticas à Neofraternidade? Ela não traiu o seu Fundador, o Arcebispo Lefebvre, em 2012? Não se deveria referir-se aos responsáveis como traidores que são? 

 

Vamos com calma. Na Igreja Católica, no Vaticano II (1962-1965), os pastores católicos foram atingidos pelo erro do modernismo como nunca haviam sido atingidos em toda a história da Igreja, nem mesmo na crise ariana do século IV, porque o modernismo transforma o cérebro subjetivo em mingau objetivo. Na Pascendi, Pio X (1907) esmiuçou essa condição catastrófica da mente humana, mas conseguiu restaurar a sanidade na Igreja apenas temporariamente, porque a insanidade no mundo só piorou depois dele, de modo que, em 1991, quando o Fundador da Fraternidade morreu, as ovelhas católicas em torno da Fraternidade ficaram profundamente “dispersas” (Zc. XIII, 7; Mt. XXVI, 31), pois foram os pastores mesmos da Igreja Universal que traíram no Vaticano II ao separarem a sua própria Autoridade da Verdade Católica.

 

Ora, estritamente falando, todos os católicos que seguem os seus líderes enganados desde o Concílio Vaticano II vêm, na mesma medida, abandonando a Verdade Católica; mas, obviamente, nem todos eles quiseram abandonar a Verdade. De fato, muitos seguiram a Autoridade enganada apenas porque ainda acreditavam que ela lhes dizia a Verdade. A prova é que, desde então, sempre que o Espírito Santo, a velocidades variáveis, deu luz a tais almas, muitas delas, como o Arcebispo Viganò, conseguiram enxergar através da falsa Autoridade e regressaram à Verdade da Tradição. A esses católicos de boa vontade, Deus deu nos anos 70 e 80 um grande líder da Verdade na pessoa do Arcebispo Lefebvre (1905-1991), e nasceram o movimento Tradicional e a verdadeira Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Mas quando o seu carisma pessoal morreu com ele em 1991, então o carisma de Roma e a sua Autoridade, universal para os católicos, reafirmou-se, e em 2012 a Fraternidade do Arcebispo tinha-se tornado a Neofraternidade, tal como em 1965 a Igreja Católica de Deus havia-se tornado a Neoigreja, por razões paralelas.

 

Contudo, tal como em 1965 a maioria dos católicos não tinha luz para ver o que tinha acontecido no Concílio, também em 2012 a maioria dos Tradicionalistas não tinha luz para ver imediatamente o que tinha acontecido naquele ano, quando os líderes da Fraternidade colocaram a Fraternidade no caminho de procurar um acordo por etapas (Confissões, Casamentos, Ordenações) com os apóstatas romanos, com os quais o Arcebispo tinha passado a recusar todo contato até que eles voltassem à Verdade dos grandes documentos doutrinais antimodernistas dos Papas Católicos dos séculos XIX e XX. E mais uma vez, tal como a maioria dos católicos em 1965 seguiu a Autoridade enganada apenas porque contava com ela para a Verdade, também a maioria dos tradicionalistas em 2012 só continuou a seguir os líderes da Neofraternidade que flertavam com os apóstatas porque confiou neles para continuar a dizer-lhe a Verdade. Ora, é verdade que em 1990 os líderes da Fraternidade foram solenemente advertidos, em um retiro em Écône, de que os romanos eram apóstatas. “Repito”, salientou seu Fundador, “eles perderam a fé”. Contudo, ninguém pode dizer que a Neofraternidade traiu completamente a Verdade do Arcebispo, porque ainda recusa os dois pontos principais em que “Roma” insiste: a aceitação do Vaticano II e a aceitação da missa nova.

                       

Para concluirmos, precisamos rezar para que a Neofraternidade não ceda nunca na questão do Concílio ou da Missa, porque ela ainda pode ter muitas verdades para dizer a muitos católicos se se mantiver firme na doutrina católica. Mas que o apelo pastoral acima referente à caridade e à humildade entre os católicos não seja tomado como qualquer tipo de aprovação da mudança de doutrina da verdadeira Igreja para a Neogreja em 1965, ou da Fraternidade para a Neofraternidade em 2012. Ambos foram verdadeiros desastres para a Igreja e para o mundo.

 

Kyrie eleison.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Comentários Eleison: AS PERGUNTAS QUE SE SEGUEM

 

Por Dom Williamson

Número DCCCII (802) – 26 de novembro de 2022

 

AS PERGUNTAS QUE SE SEGUEM

 

O Sagrado Coração de Jesus quer salvar.

Ele mergulha na lama para resgatar um peregrino errante.

Nos últimos quatro números destes “Comentários” se tomou algumas posições sobre muitas questões controversas da atual crise da Igreja Católica com as quais alguns leitores podem não concordar. E eles têm todo o direito de fazê-lo, a menos e até que a autoridade eclesiástica volte a estar de posse da razão e resolva qualquer um dos problemas ali apontados de uma vez por todas. Enquanto isso, porém, sobre uma primeira questão que sempre surge, deixemos que estes “Comentários” ofereçam algumas considerações. Esta pergunta e a que se segue a ela estão em negrito para corresponder à intensidade com que alguns leitores poderiam expressá-las.

 

1 Se é verdade, como o senhor afirma, que o Deus Todo-Poderoso concedeu fortes provas de autenticidade aos milagres eucarísticos realizados na missa do Novus Ordo, então por que os católicos crentes não deveriam simplesmente voltar a assistir à missa nova e deixar de lado tantos aborrecimentos?

 

Porque a missa nova é o ato central de adoração da nova e falsa religião centrada no homem, que saiu do Vaticano II. O texto dessa missa impresso no papel é objetivamente ofensivo a Deus porque também é centrado no homem, e não em Deus, e se ela for assistida regularmente, normalmente mina a fé católica de uma pessoa, por exemplo, na Presença Real, no Sacrifício da Missa, nas Ordens Sacras de um sacerdote católico, e assim por diante. A assistência regular pode transformar um católico em protestante sem que ele se dê conta. No entanto, pela astúcia diabólica daqueles que produziram esse texto da missa nova, ele mantém elementos suficientes da verdadeira Missa para que a missa nova possa ser celebrada validamente, de modo que qualquer celebração particular dela não seja necessariamente inválida como Missa, ainda que se a celebre cada vez mais invalidamente.

 

Portanto, não se pode dizer da missa nova nem que é válida e, portanto, se pode assisti-la; nem que não se pode assisti-la e, portanto, não é válida. A verdade, como sempre, não é toda branca nem toda preta. Pode-se dizer que ainda é possível celebrar a missa nova validamente, mas não se deve assisti-la, porque a assistência regular tem contribuído enormemente para que milhões de católicos percam sua fé.

 

1b Mas como é possível que Deus atue com e através de um texto de missa essencialmente ofensivo a Ele?

 

Porque mesmo a Missa não é um fim, mas apenas um meio, ainda que poderoso, para o fim último das almas, que é morrer com a verdadeira fé em Deus e alcançar a salvação, ajudar a povoar o Céu e, assim, dar glória a Deus. Se as almas não têm Missa para assistir, podem manter a fé? Sim. E se não têm fé, assistirão à Missa? Não. Portanto, a Missa relaciona-se com a fé como um meio para um fim, e não como um fim para um meio. Portanto, a missa nova é apenas um meio; e se é uma mistura de elementos bons e maus em que os sujeitos malvados que a elaboraram tiveram de manter algo bom o suficiente para enganar os católicos a fim de que estes a aceitassem quando foi introduzida em 1969 – por exemplo, algo suficientemente bom para sustentar uma possível validade –, então pode-se pensar facilmente que Deus é grande o suficiente para contornar o mal se tiver uma boa razão para fazê-lo. E será que nos dias de hoje Ele tem alguma? Sim, tem.

 

Todas as almas humanas que já viveram são ovelhas de Deus, e Sua criação pessoal (Sl. 94, 7); Ele quer que todas elas se salvem (I Tim. II, 4), e não apenas os católicos (ou os católicos tradicionais). O Sagrado Coração sabe desde a eternidade quantas de Suas ovelhas foram enganadas no Vaticano II por seus pastores, quantas foram atingidas pelo pecado mais do que pecaram, e Ele sabe quantas almas boas e crentes, quantos Padres e até Bispos crentes existem ainda hoje, e quem são; e Ele chega até essas ovelhas na mistura diabólica do Novus Ordo, contornando o mal e com o que ainda há de bom, para a salvação de suas almas. E quanto àqueles que amam a Neoigreja e querem a sua missa má, estes foram lembrados e advertidos pelos milagres de que estão escolhendo ir para o Inferno. Se se vê as coisas a partir do Coração de Deus, esses milagres do Novus Ordo fazem todo sentido...

 

Kyrie eleison.