terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Comentários Eleison: SUPLICAR com CONFIANÇA

 

Por Dom Williamson

Número DCCCLXIII (863) – 27 de janeiro de 2023

 

SUPLICAR com CONFIANÇA

 

Ao nosso redor, o mal se desenrola sobre o mal.

“Não temas”, disse Jesus, “eu venci o mundo” (Jo. XVI, 33).

 

No último dia de 2023, um padre franciscano do convento capuchinho de Morgon, na França, proferiu um sermão sobre aquele recente documento do Papa Francisco, Fiducia Supplicans (“Suplicar com Confiança”), que causou escândalo às almas de todo o mundo. Esse sermão é um resumo notável do motivo pelo qual o documento causou tamanho escândalo, e segue abaixo resumido, em menos da metade de sua extensão original.

 

No relato da Apresentação do Menino Jesus no Evangelho de São Lucas (II, 34), lemos como o velho Simeão profetizou que o recém-nascido que Maria acabava de colocar em seus braços seria um sinal de contradição para o mundo inteiro. Todos os homens teriam de aceitá-Lo ou rejeitá-Lo, porque não podem permanecer neutros. Um exemplo clássico desta contradição são as leis católicas sobre o matrimônio. Se na prática os católicos violam essas leis por fraqueza, isso já é grave, mas se eles negam essas leis em princípio, é um pecado espiritual, ainda muito mais grave.

 

A respeito disso, a recente assinatura do Papa da “Fiducia Supplicans” causará danos incalculáveis à Igreja, porque dará direito a todos os tipos de casais que atualmente vivem em pecado a “suplicar com confiança” por uma bênção de qualquer sacerdote católico, e assim a pensar que eles não estão mais vivendo em pecado. Isto colocará em perigo a sua salvação eterna. Ou teriam sido então João Batista e Thomas More meros tolos por darem suas vidas para defender as leis de Deus sobre o matrimônio? É verdade que Nosso Senhor mesmo não condenou a mulher apanhada em adultério (Jo.VIII, 3-11), porém, também nunca a abençoou, mas disse-lhe para não pecar mais (v.11). Abençoar os pecadores, sem nenhuma instrução ou repreensão por seus pecados, só pode encorajá-los a continuar em seus pecados.

 

Ao entrar no Ano Novo, devemos rezar por todos aqueles que correm o risco de ser vítimas desse terrível documento. Em primeiro lugar, pelos sacerdotes católicos, a fim de que tenham a coragem de João Batista e de Thomas More para enfrentar a pressão conjunta das más autoridades de hoje da Igreja e do estado, que gostariam de fazer com que os sacerdotes se deixassem levar pelo fluxo do mundo ímpio de hoje, para abandonar a Deus, quebrando Suas claras e rigorosas leis sobre o matrimônio. Em segundo lugar, devemos rezar pelas famílias católicas que lutam contra todas as probabilidades para defender as leis de Deus sobre o matrimônio, especialmente pelos cônjuges abandonados que veem o Papa encorajar aqueles que não guardam, mas violam, a Sua lei. Em terceiro lugar, devemos rezar pelas almas de todo o mundo, ofendidas por tal escândalo vindo do Papa.

 

Com efeito, qualquer escândalo será ainda maior pela altura da autoridade de onde provém, pela obviedade da imoralidade que promove, e pelo número de almas que ofende. Em todos os três aspectos, o escândalo de “Fiducia Supplicans” é incomensurável. Quanto à autoridade que escandaliza, não há autoridade moral mais elevada na terra do que a do (pelo menos aparente) Vigário de Cristo, o Papa. Quanto à imoralidade promovida, o que é mais básico para a sociedade humana do que as leis naturais do matrimônio que Cristo reforçou, mas que até os pagãos compreendem claramente, que abominam o adultério e o homossexualismo? E quanto à extensão das almas escandalizadas, o quanto a sociedade humana não é prejudicada na formação dos seus tijolos, das suas famílias, pelo Vigário de Cristo que usa de toda a sua autoridade na terra para ordenar aos sacerdotes de Cristo que abençoem as almas pecadoras que vivem desafiando as leis naturais de Deus sobre o matrimônio?

 

Pode-se perguntar se alguma vez em todos os 2.000 anos de história da Igreja se viu um escândalo tão grande. Devemos rezar até pelo Papa Bergoglio, para que ele salve a sua alma, pois, neste exato momento, ela está em grave perigo.

 

E, finalmente, devemos rezar para Nosso Divino Senhor, para agradecer-Lhe por ter encarregado-se de resgatar-nos da devastação do pecado que está sendo produzido ao nosso redor, especialmente por clérigos pecadores. Somente Ele pagou por nós a dívida que de outra forma seria impagável para com Seu Pai pelos nossos pecados. Somente Ele nos abre as portas do Céu, que de outra forma estariam fechadas. Só Ele nos permite cantar no final da Missa não o “Miserere”, mas o “Te Deum Laudamus”: nós Vos louvamos, ó Deus, pela Vossa sabedoria em permitirdes que o pecado e a morte sejam vencidos pelo Vosso próprio sofrimento. Nós Vos suplicamos só pela graça da perseverança até o fim.

 

Kyrie eleison.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Comentários Eleison: LÍDERES AFORTUNADOS

 

Por Dom Williamson

Número DCCCLXII (862) – 20 de janeiro de 2023

 

LÍDERES AFORTUNADOS

 

Mas tal mensagem os governantes não ouvirão?

Talvez, mas a verdade foi dita de maneira clara.

 

“Se o Senhor não edificar a casa, os que a constroem trabalham em vão. Se o Senhor não vigiar a cidade, em vão vigiam as sentinela” (Sl. CXXVI, 1). E que se dirá de quem constrói um Estado! São afortunados os políticos atuais que têm sacerdotes católicos para lembrá-los de como devem servir verdadeiramente a sua terra. Infelizmente, esses mesmos políticos atuais dificilmente têm ouvidos para ouvir essas verdades antigas e importantes. Os líderes da Suíça tiveram recentemente um padre assim, um padre suíço da “Resistência”, o qual lhes pediu que submetessem a direção dos assuntos do seu país ao único e verdadeiro Deus do passado católico da Suíça. A reação deles parece ter sido mínima. Como todos nós, pode ser que tenham que aprender da maneira mais difícil. De qualquer forma, segue abaixo o apelo deste padre, abreviado de modo que caiba em uma página A4:

 

Honorável Senhora Presidente, honoráveis senhores e senhoras recentemente reeleitos Vereadores Federais, Estaduais ou Municipais para os anos de 2023 a 2027, minhas congratulações pela sua reeleição! Permitam-me, como sacerdote católico dos Apóstolos de Jesus e Maria, apresentar-lhes um pedido para que o governo do nosso país retome publicamente a profissão da religião cristã e o respeito por ela. Assim, poderemos esperar a bênção de Deus e a protecção de nosso amado país. Aqui estão quatro reflexões:

 

1. Na última grande reunião da mais antiga de todas as igrejas cristãs, o Concílio Vaticano II da Igreja Católica Romana, realizado em Roma de 1962 a 1965, muitos líderes católicos, confrontados com os nossos tempos ímpios, consideraram que seria melhor para a Igreja de Deus modernizar-se. Esse era o problema certo, mas a solução equivocada, pois significava, por exemplo, que a religião seria doravante um assunto meramente privado. Erro grave. Desde muito antes da fundação da Suíça em 1291, Jesus Cristo foi Criador e Redentor de todos os homens já vivos, e até o fim do mundo, Senhor, Juiz e Rei, da Suíça e do mundo inteiro.

 

2. Como resultado de Cristo e da Sua única e verdadeira Igreja terem sido eliminados pelo deísmo, pelo naturalismo e pelo liberalismo, Cristo é rebaixado ao mesmo nível de todas as outras religiões, e qualquer coisa supostamente sobrenatural perde todo o interesse. A humanidade é entregue à tirania dos estados civis agora puramente seculares. Pois onde quer que a Majestade do único Deus verdadeiro seja colocada entre parênteses, algum antideus obrigatoriamente tomará o Seu lugar.

 

3. Em meados do século XVII, um santo sacerdote alemão, o Venerável Bartolomeu Holzhauser (1613-1658), recebeu do Céu visões de toda a história da Igreja em sete Idades, incluindo a Quinta Idade da Apostasia, que dura desde Lutero até hoje. Mas ficamos demasiado cegos para podermos ver os nossos tempos dessa maneira.

 

4. O santo padroeiro da Suíça, Nicolau de Flüe (1417–1487), é famoso por ter dito que: “Se Deus é expulso de um estado, este está condenado à destruição”. Assim, os 700 anos de existência da Suíça como uma democracia cristã estão no fim, a menos que possamos reavivar a profissão de fé em Deus dos nossos antepassados.

 

Honoráveis líderes do nosso governo, somente Jesus Cristo pode levar-nos ao Céu. Testemunhas desse fato são as igrejas, cruzes e capelas espalhadas por todo o nosso país, assim como os valores cristãos ainda enterrados nas profundezas da consciência de muitos suíços. Mas estes valores estão sendo manchados, ou completamente apagados, de modo que o nosso país está no caminho para a sua destruição, como quando há três anos o povo suíço foi enganado para que votasse a favor de uma lei contrária a Deus e à natureza, em favor do “casamento” entre pessoas do mesmo sexo. Se isso passa a ser considerado liberdade de religião e de consciência, levará à perda de toda religião e de toda consciência.

 

Diante de nós está o Cristianismo ou o comunismo. Todos nós fomos feitos para o Céu. Se os nossos governantes criarem condições favoráveis para a Igreja, a Igreja cuidará do nosso povo e da nossa juventude. Senhoras e Senhores, todos os governantes, permitam-me pedir-lhes que respeitem os direitos de Deus e da família católica de promover e professar a religião cristã, e a manter a neutralidade cristã da nossa terra. E que Deus esteja com todos vocês. Rezo por vocês todos os dias, na Missa e com o Santo Rosário.

 

Com o maior respeito, e com todas as bênçãos, Pe. Aloysius Bruehwiler.

 

Kyrie eleison.

 

 

 

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Comentários Eleison: VIGANÒ SEDEVACANTISTA? - II

 

Por Dom Williamson

Número DCCCLXI (861) – 13 de janeiro de 2023

 

VIGANÒ SEDEVACANTISTA? - II

 

Se uma alma busca a Autoridade de Deus,

Que o faça somente em uma direção: a Igreja Católica!

 

Desde que o Arcebispo Viganò, outrora o número quatro na Secretaria de Estado, deixou para trás o Concílio Vaticano II e todas as suas pompas e obras, algumas das observações dele sobre o Papa Bergoglio têm sido tão cáusticas, que muitos católicos se perguntam se esse Arcebispo ainda o considera Papa. Será que ele se uniu às fileiras dos “sedevacantistas”, ou seja, aqueles católicos que consideram que a Sé de Pedro está vacante desde que aquele maldito Concílio causou tantos danos à Igreja Católica? Como é possível que Papas verdadeiramente católicos tenham presidido esse Concílio e suas consequências?

 

O problema é angustiante, porque com esse Concílio a Autoridade Católica separou-se da Verdade Católica, forçando os católicos a abandonar uma ou outra, total ou parcialmente, já que não podiam mais seguir a ambas. Os católicos ou se agarravam à Verdade e “desobedeciam” mais ou menos ao que parecia ser a Autoridade Católica, ou se agarravam à “Autoridade” falsificada e tornavam-se mais ou menos infiéis à Verdade imutável. Quanto ao Arcebispo Viganò, durante dezenas de anos após o Concílio (1962-1965) ele permaneceu fiel aos seus colegas e companheiros dos mais altos escalões da Autoridade da Igreja, porque, segundo a sua própria confissão, “não podia acreditar que eles pretendiam destruir a Igreja”. Mas em 2018, deparou com tamanha corrupção nos Estados Unidos da América, onde era Núncio Papal, e também na Cúria do Vaticano, que se viu obrigado a procurar a causa proporcionada, e encontrou-a no Concílio. A partir dali, encontrou-a especialmente no Papa conciliar do seu tempo, o “jesuíta argentino”, como ele o chama, sobre quem fez comentários tão contundentes, que muitos observadores foram levados a perguntar-se se esse Arcebispo ainda acreditaria que Bergoglio seja Papa.

 

Vejamos o que disse em 9 de dezembro. (Ver os “Comentários de Eleison” da semana passada (n° 860 de 4 de janeiro) para um resumo de seis parágrafos do que ele disse, ao que correspondem os seguintes números em letras maiúsculas. Melhor ainda é buscar na Internet as palavras originais completas, acessíveis em inglês em catholicfamilynews.com ou lifesitenews.com.)

 

1 – Nos últimos 10 anos, a Igreja Católica foi entregue à revolução e ao caos.

 

2 – Os Cardeais e os Bispos deveriam bloquear essa destruição, mas eles mesmos são demasiado conciliares para fazê-lo.

 

3 – A Autoridade da Igreja está tão paralisada, que isto só se explica pela “operação do erro” predita para o fim do mundo.

 

4 –Bergoglio, assim, é um usurpador no Trono de Pedro. É um falso profeta. Não temos de obedecê-lo.

 

5 – Porém, não temos autoridade para declarar oficialmente que ele não é Papa, e, portanto, não há solução humana.

 

6 – Nem toda a nossa batalha é meramente entre homens, e pensar assim é um convite a problemas ainda mais sérios.

 

Aqui está um mero esqueleto da rica argumentação do Arcebispo – ver o original para deixá-lo falar por si mesmo –, mas é suficiente para indicar que ele se afasta do “sedevacantismo” público. Depois de haver dedicado a maior parte do seu discurso (1-4) a construir a acusação contra aquele a quem chama “Bergoglio”, Dom Viganò chega ao ponto culminante no qual proporá a sua própria solução (5). Aqui é bem possível que ele mesmo compartilhe a convicção de muitos católicos sérios de que este ou aquele Papa conciliar, desde João XXIII até Francisco inclusive, não tenha sido verdadeiramente Papa, mas essa convicção, comum a muitos católicos ditos tradicionalistas, nunca pode equivaler a uma declaração oficial da Igreja, e qualquer declaração nesse sentido terá de esperar até que a Madre Igreja se recupere do atual ataque mortal do modernismo, uma enfermidade mental dificilmente curável.

 

Entretanto, esta parada pública do Arcebispo Viganò no caminho para o sedevacantismo é altamente razoável, porque salvaguarda em uma mente e em um coração católico uma medida de respeito pela Autoridade Católica que de outro modo poderia perder-se completamente. Ai da Tradição Católica, ou da sua “Resistência”, se perdesse todo o respeito pela Autoridade Católica, porque esta é divina, e algum dia deverá voltar, decerto voltará, com força total, tal como o sol depois de um eclipse, e antes do fim do mundo.

 

Kyrie eleison.

domingo, 7 de janeiro de 2024

Comentários Eleison: VIGANÒ SEDEVACANTISTA? - I

 

Por Dom Williamson

Número DCCCLX (860) – 06 de janeiro de 2023

 

VIGANÒ SEDEVACANTISTA? - I

 

Leitores, preparem-se para analisar, na próxima semana,

O pensamento de um clérigo valente e sábio.

 

1 No dia 9 deste último mês do ano, Dom Viganò proferiu mais uma das suas esplêndidas Conferências, na qual questionou se o Papa Bergoglio é verdadeiramente Papa. O problema é bem conhecido pelos católicos: ao longo dos últimos dez anos, a Autoridade Católica foi distorcida num autoritarismo arrogante, o próprio sacerdócio de Deus foi distorcido num clericalismo humano, e a Verdade revelada de Deus foi distorcida na revolução e no caos permanentes do homem.

 

2 Quanto às autoridades da Igreja que estão abaixo do Papa para ajudá-lo a proteger essa Verdade, ou são seus cúmplices ou têm tanto medo dele que as poucas vozes discordantes não se atrevem a tirar as conclusões necessárias, principalmente porque idolatram o Vaticano II. Podem criticar Bergoglio e discordar dele, mas não do Vaticano II. Esses bons homens não querem reconhecer que o processo revolucionário que tornou possível uma pessoa como Bergoglio chegar a ser bispo e cardeal, e finalmente entrar no Conclave e sair “Papa”, se deveu ao Concílio, que para eles é intocável. Assim, somos obrigados a concluir que certas pessoas se preocupam mais com a doutrina do Papado do que com a salvação das almas. Elas preferem ser governadas por um Papa herege e apóstata a reconhecer que um herege ou um apóstata não pode ser cabeça da Igreja à qual, como tal, não pertence.

 

3 Nenhum Doutor da Igreja chegou alguma vez a contemplar o caso de um Papa apóstata como Bergoglio. Algo dessa dimensão só poderia acontecer num contexto único e extraordinário como o da perseguição final predita pelo profeta Daniel e descrita por São Paulo. E essa “operação do erro” (II Tes. II, 13) é tão eficiente e bem organizada que mostra claramente uma inteligência luciferiana em ação. É por isso que o “problema Bergoglio” não pode ser resolvido de nenhuma maneira ordinária: nenhuma sociedade pode sobreviver à corrupção total da autoridade que a governa, e com a Igreja não é diferente.

 

4 Nem essa “operação” é meramente a questão de um papa aderir a uma heresia específica (o que, ademais, Bergoglio tem feito repetidamente). Trata-se de um personagem enviado ao Conclave com ordens de revolucionar a Igreja do alto da Cátedra de Pedro. É esta intenção maliciosa de abusar da autoridade e do poder do Papado, adquirida por meio do engano, que faz de Bergoglio um usurpador do Trono de Pedro. Nem podemos comportar-nos como se estivéssemos resolvendo uma questão de Direito Canónico: o Senhor está sendo ultrajado, a Igreja está sendo humilhada e as almas estão se perdendo porque quem está sentado no Trono de Pedro é um usurpador. O comportamento invariável de Bergoglio – antes, durante e depois da sua eleição – é prova suficiente da sua iniquidade inerente. Podemos, portanto, estar moralmente seguros de que ele é um falso profeta? Sim. Estamos, portanto, autorizados em consciência a revogar a nossa obediência àquele que, apresentando-se como Papa, age como o javali bíblico na Vinha do Senhor? Sim.

 

5 No entanto, não podemos fazer nenhuma declaração oficial de que Bergoglio não é Papa, porque não temos autoridade para isso. Este terrível impasse em que nos encontramos torna impossível qualquer solução meramente humana. A nossa tarefa, porém, não deve ser lutar contra especulações canonistas abstratas, mas resistir com todas as nossas forças – e com a ajuda da graça de Deus – à ação explicitamente destrutiva do jesuíta argentino, rejeitando com coragem e determinação qualquer colaboração, mesmo indireta, com ele ou seus cúmplices.

 

6 Não nos enganemos: aqueles que persistem em ler a situação atual com olhos meramente humanos expõem não só a si mesmos, mas toda a humanidade à continuação e ao agravamento dessa situação: Pois a nossa batalha não é contra criaturas feitas de carne e osso, mas contra os principados e as potestades, contra os governantes deste mundo de trevas, contra os espíritos do mal que habitam nas regiões superiores (Ef. VI, 12).

 

Kyrie eleison.

sábado, 6 de janeiro de 2024

Comentários Eleison: OUTRO TESTEMUNHO

 

Por Dom Williamson

Número DCCCLIX (859) – 30 de dezembro de 2023

 

OUTRO TESTEMUNHO

 

A justiça de um Deus paciente em breve golpeará,

Voltar-se para Deus agora muito oportuno será.

 

Aqui está outro recém-convertido que recebeu muita luz em um mundo tragado pelas trevas da soberba. O homem moderno realmente pensa que com a sua “razão” mesquinha e a sua “ciência” materialista encontrou o verdadeiro caminho para uma vida boa, e que não precisa mais do Deus Todo-Poderoso. Mas Deus não abandona as Suas pobres criaturas humanas desgarradas; na verdade, o velho ditado católico irlandês segue tão verdadeiro como sempre, se não ainda mais: A ajuda de Deus está mais próxima que a porta. “Se não ainda mais”, porque, como diz a Escritura, “Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Romanos V, 20). Isto só pode significar que a abundância do mal que hoje nos rodeia deve ser um bom momento para buscarmos a Deus, através de Jesus Cristo – “Eu sou a Luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (João VIII, 12). Ora, isso não significa que quem não segue a Cristo estará andando nas trevas? Vamos à leitura.

 

Permita-me escrever-lhe para agradecer por toda a ajuda que recebi para encontrar o caminho de volta à verdadeira Fé católica através da Missa em latim. Nasci em 1963, cresci em Melbourne, na Austrália, e fui criado como católico no Novus Ordo. Até recentemente, eu não tinha a menor ideia do Vaticano II, nem de que a Missa e a Fé tivessem sido alteradas de forma tão desastrosa a ponto de levar ao colapso da Igreja. Eu simplesmente considerava como algo normal a forma como a Missa foi alterada. Na realidade, aos vinte anos deixei de ir àquela missa e abandonei a Fé, por causa das distrações do mundo, e porque sentia que havia muito pouco ali que realmente se conectasse com o meu espírito.

 

Foi só quando a “pandemia” de covid emergiu repentinamente que percebi que havia algo profundamente maligno no mundo. Ao longo dos anos, ouvi o senhor em vários podcasts, como o de Andrew Carrington Hitchcock, e seus sermões no Youtube, nos dias em que o senhor não era tão censurado como agora. Pouco a pouco descobri o que era a fé católica, e como a direção do mundo moderno é totalmente contra a Fé e o bom senso. Então, quando assisti às quatro partes de “Confusion now hath made his masterpiece [A confusão agora realizou sua obra-prima]”, tudo se encaixou. Pude ver o que o liberalismo e o declínio da crença em Jesus Cristo tinham feito ao mundo ocidental: o liberalismo transformou o mundo numa fossa de maldade e insanidade.

 

Por fim, voltei à Missa e aos Sacramentos. Também comecei a assistir à Missa em latim em Melbourne, onde obtive uma exposição muito mais ampla do verdadeiro catolicismo, e percebi que a recepção da Comunhão e muitas outras práticas no Novus Ordo não são nada reverentes. Essas coisas obviamente surgiram do Vaticano II. Durante os confinamentos, eu frequentemente caminhava com um amigo meu, e um dia ele me contou sobre o dia em que viu um salva-vidas do surf ter um ataque cardíaco enquanto nadava em uma praia local. Percebi que poderia morrer a qualquer momento, e que então enfrentaria o Juízo e a eternidade.

 

Hoje em dia, o mundo está totalmente enfermo, pois a maioria das pessoas abandonou toda fé em Deus. A humanidade quer Satanás como seu mestre. É por isso que os seres humanos foram tão facilmente manipulados pela fraude da covid, com todas as suas restrições estúpidas, e também foram enganados para tomar a vacina mortal. Agradeço a Deus por me ter dado a graça de ver através das mentiras que a grande mídia nos contava ainda no início da chamada pandemia.

 

Cheguei à conclusão de que o Santo Rosário é a única arma que pode mudar a maré contra o mal. Eis por que Nossa Senhora está sempre pedindo para que o rezemos. O mundo se dirige diretamente para o inferno, e somente a intervenção de Deus Todo-Poderoso pode deter a podridão mortal e restaurar a ordem. Eu realmente acredito que um grande Castigo cairá sobre este mundo nos próximos cinco a dez anos, no máximo, e que os Três Dias de Trevas estarão à nossa porta muito em breve, porque esta é a única maneira de Deus corrigir a humanidade.

 

Kyrie eleison.

Comentários Eleison: A QUEDA DA EUROPA – II

 

Por Dom Williamson

Número DCCCLVIII (858) – 23 de dezembro de 2023

 

A QUEDA DA EUROPA – II

 

  Ao recusar Deus, os homens devem recorrer à humanidade –

  E logo passa a desdenhar da Beleza, da Verdade e da Bondade.

 

Na semana passada, estes “Comentários” apresentaram, sem muitas explicações, o resumo – até onde foi possível –  de um excelente artigo sobre o atual estado deplorável da França e da Europa, escrito por um nacionalista francês, com o pseudônimo “Militant”. (Para o artigo original completo, consultar https://jeune-nation.com/nationalisme/natio-france/prenons-un-seul-parti-de-la-france-helleno-chretienne.) Um artigo desses publicado em uma revista política pode parecer não ter tem muito que ver com religião, mas é por isso que interessa para estes “Comentários”. O que estes gostariam de demonstrar é que os problemas mais graves da política humana não podem ser resolvidos sem a religião católica. Para demonstrar isso é mais fácil dizer do que fazer, porque toda a mentalidade do homem moderno se baseia na crença de que a política, a economia, a arte, a medicina, o direito, a música, etc. não têm nada que ver com a religião, ou a religião não tem nada que ver com eles. Em outras palavras, o melhor da argumentação política não vai longe o suficiente.

 

Comecemos com um resumo em sete parágrafos do artigo da semana passada, ainda mais breve.

 

1 A França e a Europa estão colapsando. Nós, nacionalistas, há muito que temos anunciado a catástrofe.

 

2 A partir da década de 1950, um desastre político após outro causou pouca reação por parte do público.

 

3 Desde a Idade Média, a França exerceu uma influência mundial largamente benéfica – que não existe mais.

 

4 Hoje em dia, a França e a Europa estão deixando-se escravizar rapidamente pelos banqueiros gângsters de Nova Iorque e Londres.

 

5 Por meio da sua guerra por procuração na Ucrânia, os EUA quebraram a concorrência da Europa e da Alemanha.

 

6 Aqui está o fim de um mundo, mas as mais altas instituições da França permanecem em silêncio, dóceis, e seguem o fluxo.

 

7 Qual é a solução? Na política devemos fazer o que pudermos, e preservando os tesouros culturais para tempos melhores.

 

Mas agora vejamos se esta solução está perto de resolver a catástrofe evocada no início:

 

1 Na verdade, os homens que amam o seu país não ficam satisfeitos com o sonambulismo enquanto ele está a ser destruído. Pelo menos os nacionalistas enxergam o grave problema e soam o alarme, e têm crédito por isso. Mas se tiverem olhos de ver, devem reconhecer que a “política”, tal como se entende hoje em dia, fracassou, está falida, quebrada. Por quê?

 

2 Os nacionalistas, observando a própria falta de reação por parte do público, deveriam perguntar-se: como se pode refazer uma nação a partir de uma humanidade que que está desfeita? O que está desfazendo o homem moderno? O que ainda pode refazê-lo? Uma família e um lar sólidos? Mas em comparação com a religião, o que mais pode a política fazer pela família e pelo lar? Não há como comparar!

 

3 Caros franceses, observem bem aquela glória da França na Idade Média! De onde vocês acham que veio? Da política? De maneira nenhuma! Veio da Igreja, e não dos protestantes franceses, mas da Igreja Católica, que recebeu de Deus dons excepcionais para iluminar o mundo.

 

4 Caros amigos franceses, não culpem os anglos pelas suas próprias revoluções contra Deus. Está aí, e não em outro lugar, a fonte envenenada de todos os seus problemas políticos, que agora envenenam o mundo. Problemas caros não têm soluções baratas. Trair a Deus é um problema que não tem solução meramente política!

 

5 É verdade que os EUA e a Inglaterra dão muitos motivos para culpá-los, mas Deus nunca os designou para estarem à frente das nações. Nem a França egoisticamente nacionalista foi designada por Deus para isso, mas tão somente a França desinteressadamente católica, à maneira do Arcebispo Lefebvre. Veja o que a sua piedade francesa alcançou.

 

6 Mas por que a França é atualmente liderada por indivíduos tão “infames”? Porque estes são os homens nos quais atualmente se votam, permitam-me dizê-lo, pela “política” numa “democracia”. E o mesmo está a acontecer em toda a Europa. O homem moderno não acredita em Deus ou na religião, mas no homem e na política. Ora, o lixo resultante é alguma surpresa?

 

7 Não admira que o bravo escritor nacionalista chegue a uma solução tão frágil. É verdade que os monges medievais guardaram tesouros da cultura antiga para o benefício de toda a humanidade séculos mais tarde, mas pelo que foram motivados? Não pela política, mas por aquela religião que ensinou o valor perdurável da Beleza, do Bem e da Verdade.

 

É claro que a política está sujeita à religião, ou à falta de religião, e a religião, ou a sua falta, governa a política. A razão não é difícil de encontrar. Deus existe, infinitamente acima de Suas criaturas meramente humanas, e n’Ele todos “vivem, se movem e têm seu ser”, em cada momento de sua existência (Atos XVIII, 28). A política não pode estar tão próxima de qualquer homem vivo. Pois, com efeito, a religião é a relação que cada homem deve ter com este Deus tão profundo dentro dele, enquanto a política é tão somente a relação exterior que ele tem com os seus semelhantes. Mas se um homem se recusa a crer em Deus, então naturalmente a sua política se torna a sua religião substituta. Cuidado, nacionalistas!

 

Kyrie eleison.