Por Dom Williamson
Número DCCCVII (807) – 2 de janeiro de 2023
A TRADIÇÃO SE FORTALECE
A “Roma”
de hoje não cuidará adequadamente de suas ovelhas?
Então
precisamos ter pastores que guardem a verdadeira Fé.
(Com um
pedido de desculpas pela publicação tardia destes CE em particular.)
Neste
início de Ano Novo está prevista a ordenação, na Ilha Esmeralda, de outro sacerdote
para a Tradição Católica, por um Bispo que é bem conhecido naquele país não
como tal, mas como padre. Isto se deve ao fato de que ele foi consagrado em
privado há quase dois anos, em janeiro de 2021, quando, devido à falsa crise da
covid, todas as restrições para viajar estavam a pleno vapor. Estava então
parecendo que a Irlanda ficaria completamente isolada da Inglaterra por um
período indefinido. Desse modo, o que mais poderia continuar protegendo, na “Terra
dos Santos e Eruditos”, aqueles católicos que compreendem os perigos para a sua
Fé, tanto no que diz respeito à Neoigreja como à Neofraternidade Sacerdotal São
Pio X? Esses católicos podem não ser numerosos, mas por sua rara compreensão da
Fé católica imutável, eles têm uma rara importância para o futuro da Igreja. Essa
preciosa consagração poderia ter permanecido privada por mais tempo, se as
circunstâncias não parecessem tornar-se cada vez mais hostis à Tradição Católica.
Assim como
os Bispos católicos são essenciais para a sobrevivência da Igreja, por meio do
poder das Ordens Sacras, para ordenar padres e consagrar Bispos, os Bispos
tradicionais também têm sido essenciais para a sobrevivência da Tradição Católica.
Quando o Arcebispo Lefebvre consagrou quatro Bispos em 1988 sem a permissão
clara dos líderes oficiais da Igreja em Roma, que ninguém pense que ele estava
simplesmente desafiando esses líderes, porque estes, na verdade, haviam dado
permissão em princípio para que pelo menos um daqueles então padres fosse
consagrado. Mas na hora de marcar uma data para a consagração, o então Cardeal
Ratzinger evitou por tantas vezes fazê-lo, que o Arcebispo viu claramente que
nunca poderia, na prática, usar a permissão que a autoridade eclesiástica lhe
havia inicialmente concedido. Esse momento foi decisivo para que o Arcebispo
Lefebvre compreendesse que a Verdade Católica nunca seria devidamente defendida
pelos modernistas que governavam em "Roma", e por isso ele foi em
frente e consagrou como Bispos quatro de seus próprios padres, para garantir a
"Operação Sobrevivência" – como ele a chamou –, a sobrevivência mesma
da Tradição Católica.
Na época,
muitos católicos crentes não entenderam sua atitude e a condenaram abertamente;
mas hoje, depois da Pachamama e de pretender-se abolir o rito Tradicional da Missa
com a Traditionis Custodes, e depois de uma série de outras heresias virem
do topo da Neoigreja, muitos desses mesmos católicos agora admitem que foi em
grande parte graças àquelas consagrações de 1988 que a verdadeira Igreja
sobreviveu. Na crise sem precedentes da Igreja, acelerada por seus próprios
líderes que separaram sua Autoridade Católica da Verdade Católica no Vaticano
II (1962-1965), o Arcebispo Lefebvre nunca desprezou ou desafiou a verdadeira
Autoridade da Igreja; ele simplesmente colocou a Verdade da Tradição na frente
dessa Autoridade encarnada nos neomodernistas; e, ao fazê-lo, cada vez mais
católicos ainda têm uma Tradição à qual podem unir-se. As almas honestas entre
eles reconhecem a dívida imensurável da Madre Igreja para com o Arcebispo.
Agora, no
início da década de 2020, Deus Todo-Poderoso ainda não achou por bem reunir a Verdade
Católica e a Autoridade Católica, então os neomodernistas ainda estão no
controle de “Roma”, e a Fé ainda precisa ser sustentada apesar de “Roma” .
Portanto, deve-se dar sequência àquilo que o Arcebispo iniciou ao colocar a Verdade
antes da Autoridade. No entanto, ainda que a Verdade Católica deva ser
preferida em última instância à Autoridade Católica – que foi instituída por
Nosso Senhor somente para defendê-la – caso a "Autoridade" se oponha
a essa Verdade, a mesma Verdade em um mundo decaído precisa da Autoridade para
protegê-la, de modo que sem essa Autoridade do alto a Verdade terá sérias
dificuldades. Por exemplo, os sucessores do Arcebispo tiveram tantos problemas
para liderar a Fraternidade depois de sua morte que, por meio de uma política
de busca por aprovação de “Roma” (muito além do que ele teria feito), eles
mudaram tanto a Fraternidade do Arcebispo, que se tornou conveniente dar a ela
um novo nome, como, por exemplo, “Neofraternidade”. E tal como a multidão de
católicos depois do Vaticano II seguiu seus líderes da Igreja para a Neoigreja,
os seguidores da Fraternidade do Arcebispo seguiram seus sucessores em sua
Fraternidade para aquela que então se pode chamar “Neofraternidade”, uma vez
que esses sucessores contam com a aprovação oficial dos neomodernistas de “Roma”.
É por isso
que, tal como em 1988, ou ainda mais hoje em dia, para a sobrevivência da
Tradição Católica, surge a necessidade da consagração de Bispos sem Autoridade Romana,
por assim dizer, para manter a defesa da Fé do Arcebispo acima de tudo. Daí a
consagração, em particular, do padre Giacomo Ballini, aqui na Inglaterra, em 14
de janeiro de 2021. A atual crise da covid mostrou com que coragem ele velou
pela Missa e pela Fé de sempre.
Kyrie eleison.
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