Por Dom Williamson
Número DCCCXXII (822) – 15 de abril de 2023
REFLEXÕES SOBRE A RESSURREIÇÃO
Se
os católicos vivessem sua vida ressuscitada interior,
Ainda
poderiam salvar um mundo que está afundando no pecado.
“A
Ressurreição”, diz o homem moderno, “oh sim, é uma ideia adorável, pois é um conforto
para as almas mais frágeis pensar que pode haver algo depois da morte,
especialmente algo bom, como algum tipo de céu; mas obviamente não é verdadeira.
Depois que as pessoas morrem, elas não voltam à vida; a ciência sabe que isso
simplesmente não acontece. A morte é o fim. Precisamos parar de sonhar. Devemos
continuar com nossas vidas na terra e vivê-las ao máximo, tanto quanto
pudermos, e aceitar que todos morreremos – e isso é tudo. Acabou. Não há mais nada”.
É
assim que muitos homens gostam de pensar, porque evidentemente é algo que lhes
dá permissão, por assim dizer, para viverem a vida como querem, sem ter que
preocupar-se com nada depois da morte. Eles não precisam preocupar-se com os
Dez Mandamentos nem com Deus, nem com o Céu ou o Inferno, nem com a eternidade
nem com qualquer outra coisa do tipo. Eles acreditam na ciência, na ciência que
diz que tudo isso são bobagens religiosas que não podem ser provadas, e são
somente tolices piedosas. Infelizmente para esse tipo de homem, não foi ele
quem se criou a si mesmo no ventre de sua mãe, não foi ele quem construiu a
estrutura da vida na terra em que nasceu, não foi ele quem estabeleceu as
condições nas quais ele vive e morre. “Sabei que o Senhor, Ele é Deus: Ele nos
fez, e não nós a nós mesmos. Somos o Seu povo e ovelhas do Seu pasto” (Sl. IC,
3). (Em relação à “ciência”, ela não consegue fazer uma formiga viver... quanto
mais um ser humano.)
E
uma parte fundamental dessas condições de nossas vidas é que somos compostos de
corpo e alma, e a morte consiste na separação de ambos. Então o corpo
normalmente se decompõe e apodrece, como podemos observar, mas, gostemos disto ou
não, a alma continua viva, porque é imortal, puro espírito, sem partes materiais
que se desintegrem ou se decomponham. Nesse momento da morte, a alma se
apresenta ao Juiz divino, e isso é algo que nem nós nem a ciência podemos
observar, mas que está estabelecido em muitos lugares da Palavra de Deus (por
exemplo, Mt. XXV, 46; Jo.V, 29). Se a alma vai para o Céu, ressuscita para a
vida eterna; se vai para o Purgatório, ressuscita para a purgação dos pecados
remanescentes até que esteja apta para o Céu; e se vai para o Inferno, ressurge
da morte para cair em uma vida de castigos eternos. Em todo caso, a alma vive por
si mesma sem seu corpo até que esse corpo se reúna a ela no fim do mundo, para
a eternidade.
“Bem”,
diz nosso amigo moderno, “se essas são as condições em que me encontro aqui,
não as aceito! Quando fui concebido no ventre de minha mãe, não fui consultado sobre
se queria ou não nascer, e se tivesse sido consultado, teria dito NÃO para a
opção de viver para sempre. Protesto! Não é justo!".
Meu
amigo, em primeiro lugar, é tarde demais para protestar. Você agora existe, sua
alma existe, e ela só deixaria de existir se Deus a aniquilasse, o que Ele
poderia fazer, mas jamais fará, como Sua verdadeira Igreja nos disse
infalivelmente. E, em segundo lugar, é injusto protestar, porque o único
propósito d’Ele ao dar-lhe a vida simplesmente como um presente, sem lhe
consultar, era que você fosse para o Céu para desfrutar da felicidade eterna e
inimaginável ao vê-Lo espiritualmente em toda a Sua glória deslumbrante. Ora,
os animais brutos têm uma alma, mas é uma alma puramente material, incapaz de bem-aventurança
espiritual; então, para você compartilhar de Sua bem-aventurança, Ele precisou
fazer de você um animal racional com inteligência e livre-arbítrio.
No
entanto, se Deus lhe desse o livre-arbítrio, Ele e você correriam o risco de você
usá-lo mal. Mas isso não seria culpa d’Ele. Na verdade, cada alma no Inferno se
lembra, com muita clareza, de quão facilmente poderia ter-se salvado, se tão
somente assim tivesse desejado, e essa memória é uma grande parte de seu
tormento sem fim. Na vida, a ajuda de Deus sempre esteve “mais perto do que a
porta” (ditado irlandês), só que a alma é que decidiu não querê-la. É verdade
que a alma não foi consultada antes de ser-lhe dada a existência, sem
possibilidade de não existir para sempre. Mas a possibilidade de ver Deus é tão
magnífica, que é injusto protestar contra ela.
Por
isso, se fomos batizados, deveríamos ter ressuscitado com Cristo dos mortos
espirituais para uma nova vida, como diz São Paulo. Esperemos que os católicos levem
essa nova vida, e seu exemplo poderá salvar tudo o que ainda pode ser salvo em
nosso pobre mundo.
Kyrie
eleison.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.