Por Dom Williamson
Número DCCCXLVI (846) – 30 de setembro de 2023
MAUS PASTORES?
Queremos
sempre mares calmos, fáceis de navegar,
Mas
Deus quer tempestades, para nos por em provação.
Como
há certas perguntas que voltam ser feitas, é preciso repetir certas respostas. Desde
o início do “movimento tradicional”, logo após o Vaticano II, surgiu a questão
de se se deve ou não assistir à missa nova do Papa Paulo VI: “Se ela não é
necessariamente inválida, se pode ser válida, por que não posso assisti-la?”.
De acordo com a teologia católica da Missa, a resposta dos tradicionalistas desde
o início é que mesmo que a celebração de uma missa nova com Matéria, Forma e
Intenção corretas seja válida, não se pode assisti-la normalmente porque está
tão envenenada pela nova religião humanista do Vaticano II, que muitos
católicos que a frequentam regularmente correm o risco de perder sua fé pela
exposição a nada menos que uma versão falsa de Deus, do homem, do pecado e da redenção.
A Missa Tradicional está centrada em Deus, a missa nova está centrada no homem.
No
entanto, a aceitabilidade de assistir à missa nova tem sido respaldada nos
últimos anos pela alegação de que houve uma série de milagres eucarísticos com
hóstias consagradas numa missa nova celebrada por um padre ordenado com o novo
rito de ordenação por um bispo consagrado com também com o novo rito de
consagração, como, por exemplo, em Sokulka, na Polônia, em 2008. Ora, os tradicionalistas
não só afirmam, como procuram demonstrar, que todos os três ritos novos (de Missa,
de Ordenação e de Consagração) podem ser inválidos; mas, no caso, deparam com o
fato de que em muitos destes supostos milagres eucarísticos há a evidência
(verdadeiramente) científica de que a transubstanciação realmente ocorreu.
Veja, por exemplo, o livro de 279 páginas publicado recentemente pela Sophia
Institute Press, A Cardiologist Examines Jesus, no qual um cardiologista
profissional expõe “a impressionante ciência por trás dos milagres
eucarísticos”. Uma mente sã, após examinar essa “ciência”, partirá dela.
Sokulka aparece no livro das páginas 81 à 95. Duas das vinte e sete chapas
fotográficas do livro vêm de Sokulka.
Com
tais evidências, devemos assumir que pelo menos alguns dos supostos
milagres eucarísticos são autênticos. O argumento em favor da missa nova assume
então a seguinte forma: se a missa nova é tão ofensiva a Deus e tão prejudicial
aos católicos, como afirmam os tradicionalistas, então como é que Deus, o único
que pode produzir a evidência por detrás de tais milagres, poderia tê-los
operado na missa nova? E como pode ser errado que eu a assista? A resposta mais
acima não mudou. Tudo o que a evidência científica fez foi provar, além de
qualquer dúvida possível, que a transubstanciação realmente ocorreu na missa
onde o milagre aconteceu. Então a pergunta é: como pode um Deus amoroso querer
envenenar a fé de Suas próprias ovelhas?
A
resposta é clássica. Deus não quer o mal, mas quer permitir o mal para extrair
dele um bem maior. O mal é a exposição das almas católicas ao veneno humanista
que ameaça a sua fé. Este mal foi querido pelos clérigos infiéis que mudaram o
Rito da Missa, mas não foi querido por Deus. O que Ele quis foi lembrar aos
Seus pastores (bispos) e às Suas ovelhas (leigos) que a Missa é o verdadeiro
Sacrifício de Seu Filho, e ambos devem parar de comportar-se como se a Missa
fosse apenas um piquenique glorificado. Em Sokulka, por exemplo, o pároco, no
momento do milagre e durante vários anos depois, declarou que a devoção à
Sagrada Eucaristia aumentou notavelmente em toda aquela região desde o milagre.
E a hóstia milagrosa está agora exposta para adoração numa capela lateral da
igreja paroquial.
Assim,
Deus Todo-Poderoso não gosta do que uma multidão de clérigos e leigos têm feito
à Sua igreja ao longo dos tempos, começando por Judas Iscariotes, mas Ele quer
colocar a Sua infinitamente preciosa Igreja nas mãos de clérigos com livre-arbítrio
para merecerem Seu próprio Céu servindo-Lhe bem, embora correndo o risco de
demérito por seu desserviço, e Ele quer permitir que Suas ovelhas tenham maus
pastores se isso for o que elas merecerem, para que sofram e voltem a querer
bons pastores. Mas Ele nunca deixará Suas ovelhas completamente sem liderança, caso
queiram chegar ao Céu. Veja como Ele nos deu o Arcebispo Lefebvre para ser
pioneiro no retorno à Tradição, e agora o Arcebispo Viganò para dar um exemplo
de coragem, ao dizer a Verdade Católica a um poder anticatólico aparentemente
esmagador.
Kyrie
eleison.
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