Por Dom Williamson
Número DCCCLVIII (858) – 23 de dezembro de 2023
A QUEDA DA EUROPA – II
Ao recusar Deus, os homens devem recorrer à
humanidade –
E logo passa a desdenhar da Beleza, da Verdade
e da Bondade.
Na
semana passada, estes “Comentários” apresentaram, sem muitas explicações, o
resumo – até onde foi possível – de um
excelente artigo sobre o atual estado deplorável da França e da Europa, escrito
por um nacionalista francês, com o pseudônimo “Militant”. (Para o artigo
original completo, consultar https://jeune-nation.com/nationalisme/natio-france/prenons-un-seul-parti-de-la-france-helleno-chretienne.)
Um artigo desses publicado em uma revista política pode parecer não ter tem
muito que ver com religião, mas é por isso que interessa para estes
“Comentários”. O que estes gostariam de demonstrar é que os problemas mais
graves da política humana não podem ser resolvidos sem a religião
católica. Para demonstrar isso é mais fácil dizer do que fazer, porque toda a
mentalidade do homem moderno se baseia na crença de que a política, a economia,
a arte, a medicina, o direito, a música, etc. não têm nada que ver com a religião,
ou a religião não tem nada que ver com eles. Em outras palavras, o melhor da
argumentação política não vai longe o suficiente.
Comecemos
com um resumo em sete parágrafos do artigo da semana passada, ainda mais breve.
1
A França e a Europa estão colapsando. Nós, nacionalistas, há muito que temos
anunciado a catástrofe.
2
A partir da década de 1950, um desastre político após outro causou pouca reação
por parte do público.
3
Desde a Idade Média, a França exerceu uma influência mundial largamente
benéfica – que não existe mais.
4
Hoje em dia, a França e a Europa estão deixando-se escravizar rapidamente pelos
banqueiros gângsters de Nova Iorque e Londres.
5
Por meio da sua guerra por procuração na Ucrânia, os EUA quebraram a
concorrência da Europa e da Alemanha.
6
Aqui está o fim de um mundo, mas as mais altas instituições da França
permanecem em silêncio, dóceis, e seguem o fluxo.
7
Qual é a solução? Na política devemos fazer o que pudermos, e preservando os
tesouros culturais para tempos melhores.
Mas
agora vejamos se esta solução está perto de resolver a catástrofe evocada no
início:
1
Na verdade, os homens que amam o seu país não ficam satisfeitos com o
sonambulismo enquanto ele está a ser destruído. Pelo menos os nacionalistas enxergam
o grave problema e soam o alarme, e têm crédito por isso. Mas se tiverem olhos de
ver, devem reconhecer que a “política”, tal como se entende hoje em dia, fracassou,
está falida, quebrada. Por quê?
2
Os nacionalistas, observando a própria falta de reação por parte do público,
deveriam perguntar-se: como se pode refazer uma nação a partir de uma
humanidade que que está desfeita? O que está desfazendo o homem moderno? O que
ainda pode refazê-lo? Uma família e um lar sólidos? Mas em comparação com a
religião, o que mais pode a política fazer pela família e pelo lar? Não há como
comparar!
3
Caros franceses, observem bem aquela glória da França na Idade Média! De onde
vocês acham que veio? Da política? De maneira nenhuma! Veio da Igreja, e não
dos protestantes franceses, mas da Igreja Católica, que recebeu de Deus
dons excepcionais para iluminar o mundo.
4
Caros amigos franceses, não culpem os anglos pelas suas próprias revoluções
contra Deus. Está aí, e não em outro lugar, a fonte envenenada de todos os seus
problemas políticos, que agora envenenam o mundo. Problemas caros não têm
soluções baratas. Trair a Deus é um problema que não tem solução meramente
política!
5
É verdade que os EUA e a Inglaterra dão muitos motivos para culpá-los, mas Deus
nunca os designou para estarem à frente das nações. Nem a França egoisticamente
nacionalista foi designada por Deus para isso, mas tão somente a França desinteressadamente
católica, à maneira do Arcebispo Lefebvre. Veja o que a sua piedade francesa
alcançou.
6
Mas por que a França é atualmente liderada por indivíduos tão “infames”?
Porque estes são os homens nos quais atualmente se votam, permitam-me dizê-lo,
pela “política” numa “democracia”. E o mesmo está a acontecer em toda a Europa.
O homem moderno não acredita em Deus ou na religião, mas no homem e na
política. Ora, o lixo resultante é alguma surpresa?
7
Não admira que o bravo escritor nacionalista chegue a uma solução tão frágil. É
verdade que os monges medievais guardaram tesouros da cultura antiga para o
benefício de toda a humanidade séculos mais tarde, mas pelo que foram
motivados? Não pela política, mas por aquela religião que ensinou o valor perdurável
da Beleza, do Bem e da Verdade.
É
claro que a política está sujeita à religião, ou à falta de religião, e a
religião, ou a sua falta, governa a política. A razão não é difícil de
encontrar. Deus existe, infinitamente acima de Suas criaturas meramente
humanas, e n’Ele todos “vivem, se movem e têm seu ser”, em cada momento de sua
existência (Atos XVIII, 28). A política não pode estar tão próxima de qualquer
homem vivo. Pois, com efeito, a religião é a relação que cada homem deve ter
com este Deus tão profundo dentro dele, enquanto a política é tão somente a
relação exterior que ele tem com os seus semelhantes. Mas se um homem se recusa
a crer em Deus, então naturalmente a sua política se torna a sua religião
substituta. Cuidado, nacionalistas!
Kyrie
eleison.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.