Por Dom Williamson
Número DCCCLV (855) – 2 de dezembro de 2023
LIBERALISMO EM AÇÃO
Os
homens conseguem suprimir a realidade por um tempo,
E,
na face de Deus, há somente um sorriso triste e gentil.
Um
leitor enviou algumas perguntas incisivas sobre a história recente da Igreja,
da Fraternidade Sacerdotal São Pio X e do chamado movimento da “Resistência”.
Um dia, quando a Santa Madre Igreja voltar a si – como ela já está discretamente
fazendo –, as sombras e as trevas se dissiparão, e a história se abrirá
amplamente para a verdade e a caridade. Enquanto isso, aqui está um esboço de
algumas respostas.
1
Como você pode ser contra uma estrutura para
a “Resistência”? Pode algo católico prosperar sem isso?
A
força da “Resistência” é, em primeiro lugar, a Verdade, e, em segundo lugar, a fragmentação
em vários pequenos grupos que resistem à revolução do Vaticano II. Essa
revolução dominou rapidamente grande parte da Igreja Católica porque os
católicos eram demasiadamente obedientes às autoridades superiores infiéis. Da
mesma forma, grande parte da FSSPX rapidamente perdeu as forças em 2012 porque
os seus sacerdotes respeitavam demasiadamente a autoridade dos oficiais superiores
que queriam reconciliar-se com a Roma apóstata. Essas autoridades não serviam
mais à verdadeira Igreja nem à verdadeira Fé, ao contrário do Arcebispo
Lefebvre, mas a si mesmas. No caso da Resistência, diferentemente, capturar um
pequeno grupo de resistentes não significa necessariamente capturar um segundo
grupo. Assim, a Fé sobreviverá até que Deus, em seu tempo, decida restaurar toda
a estrutura católica.
2
Será que os líderes da FSSPX que foram enganados pelos oficiais romanos
apóstatas em meados da década de 1990 foram motivados por ambições pessoais?
É
possível que isso tenha acontecido, mas pode-se pensar que o problema deles é
antes a falta de fé nos meios de Deus para resolver a crise da Igreja, e o seu
excesso de confiança na política meramente humana do Vaticano para resolvê-la. Não
compreendendo, diferentemente do Arcebispo, a dimensão divina e
pré-apocalíptica da crise mundial, concebem-na em termos relativamente limitados
e mundanos, errando completamente o alvo. O Arcebispo Lefebvre, ao contrário
deles, estava sempre ponderando sobre um colapso da Igreja em larga escala. O Arcebispo
Viganò, ao contrário deles, também reflete constantemente sobre a queda
universal da Igreja e do mundo provocada pelo Vaticano II.
3
Há evidências claras dessa insuficiência dos líderes da FSSPX no Capítulo
Geral de 1994?
Evidências,
sim, mas evidências claras, ainda não. Os participantes daquele Capítulo Geral
davam a impressão de serem crianças boazinhas brincando, em vez de guerreiros
adultos travando uma batalha gigantesca pela glória de Deus e pela salvação das
almas num ambiente altamente perigoso. É necessário ser santo para perceber o
mal, disse Gustavo Corção. Os caros e piedosos jovens sacerdotes daquele
Capítulo não estavam à altura da gravidade do momento.
4
Quando, para você, os dois campos de conciliadores e de resistentes da FSSPX
se dividiram?
Certamente
na década de 1980 os elementos da divisão já existiam. Conheço um sacerdote
que, em 1982, depois de professar durante cinco anos em Écône, foi enviado para
o outro lado do Atlântico durante mais de um quarto de século, muito
provavelmente para que fosse tirado do caminho. Os jovens seminaristas
precisavam estar preparados para obedecer aos liberais que planejavam assumir o
controle da FSSPX do envelhecido Arcebispo. Ele tinha sido maravilhoso em seu
tempo, mas, para alguns líderes liberais, estava ficando cada vez mais antiquado
devido à sua condenação implacável dos modernistas de Roma, a verdadeira
Autoridade da Igreja, que evoluíam constantemente para melhor. Esses líderes
liberais da FSSPX não se consideram liberais, pelo contrário. Eles se vêem a si
mesmos infiltrando-se na Roma modernista para convertê-la à Tradição Católica. Isso
seria possível? Eles não têm ideia de quão profunda e séria é a cruzada dos
liberais romanos para destruir a Igreja Católica.
5
O confronto entre conciliadores e resistentes sempre existiu dentro da
Fraternidade Sacerdotal São Pio X?
Sem
dúvida. O Arcebispo Lefebvre costumava dizer-nos que, lendo a história do Pe. Barbier
sobre o choque entre o liberalismo e o catolicismo nos séculos XIX e XX,
percebeu que a única diferença entre o mesmo confronto antes e depois do
Vaticano II era que antes os católicos estavam no comando, que depois passou
para os liberais. Enquanto o Arcebispo esteve vivo, o seu magnetismo pessoal
manteve a FSSPX católica; mas assim que morreu, em 1991, o magnetismo constante
de Roma dirigido aos católicos começou a reafirmar a sua influência. Tenhamos
paciência. Deus não será derrotado pelo Diabo, nem pelos anjos caídos, nem
pelos clérigos caídos.
Kyrie
eleison.
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