Por Dom Williamson
Número DCCCLXV (865) – 10 de fevereiro de 2024
MOTIVO
para a “RESISTÊNCIA”
Deus nos deu o velho santo sábio que sabia do que precisaríamos.
Poderia um jovem pensar que seria capaz de nos liderar?
Há
menos de um mês, em 24 de janeiro, Dom Tomás de Aquino, o Prior brasileiro do
Mosteiro beneditino tradicional da Santa Cruz, situado nas altas montanhas do
Brasil, por trás do Rio de Janeiro, publicou uma denúncia grave a respeito de
um líder proeminente que atua em todo o mundo no movimento católico
tradicional. Mas os tradicionalistas já não têm problemas demais fora da
Tradição? Ainda têm de brigar entre eles mesmos também? Normalmente isso é
senso comum católico, mas não se a base mesma do catolicismo, a fé católica,
estiver em jogo. E, ora, na luta entre Roma e a Fraternidade Sacerdotal São Pio
X, ela nunca deixou de estar em jogo. Que os leitores julguem por si mesmos se,
como pastor do rebanho de Nosso Senhor, Dom Tomás fez algo diferente do seu
dever sagrado ao denunciar aquele lobo em pele de cordeiro.
A causa de existir a Resistência não é outra senão Dom
Fellay com suas palavras e seus atos. Suas palavras minimizaram a gravidade da
crise e do Concílio. Seus atos expuseram a Tradição a ter o mesmo destino que
as comunidades Ecclesia Dei.
Dom Fellay não falava como Dom Lefebvre. Dom Lefebvre
denunciava com força os erros do Concílio bem como os que eram a causa destes
erros. Ele advertiu praticamente todos os papas conciliares de suas
responsabilidades. Disse a João Paulo II que se ele continuasse no caminho do
ecumenismo já não seria o bom pastor, e no desenho sobre Assis, disse, com
imagens e palavras, que João Paulo II iria para o inferno, se continuasse
ecumenista. Disse ao cardeal Ratzinger que ele, Ratzinger, era contra a
cristianização da sociedade. Ele denunciou a apostasia da Roma conciliar (...) Defendeu
padres e fiéis do contágio modernista. Expôs-se a uma excomunhão inválida, mas
infamante. Não recuou na defesa da França face ao perigo muçulmano.
Protegeu-nos contra a tentação acordista de Dom Gérard. Ele foi, em suma, como
os antigos bispos: o defensor da cristandade e da base da cristandade, que é a
fé. Foi o homem das virtudes teologais, sustentando nossa fé e todas as
virtudes.
E Dom Fellay? Continuou ele a ação de Dom Lefebvre?
Não. Tanto nas palavras como nos atos, Dom Fellay se afastou de Dom Lefebvre. Sobre
a Liberdade Religiosa, ele minimizou a gravidade do que disse o Concílio (...)
Não atacou os erros como Dom Lefebvre. Não falou das duas igrejas como Dom
Lefebvre. Não distinguiu com clareza a
Igreja oficial da Igreja Católica, mas falou de uma "igreja
concreta", confundindo os fiéis e até os padres.
Que igreja concreta é essa? Temos de estar nessa
igreja? Nós estamos na Igreja Católica. Reconhecemos o papa, mas não a Igreja
conciliar, da qual falava o cardeal Benelli. Reconhecemos o papa, mas não a sua
doutrina nem seus atos contra a Tradição. Estes atos não são católicos, mas
anticatólicos.
Foi sob a influência de Dom Fellay que o capítulo de
2012 modificou o princípio enunciado pelo capítulo de 2006: nada de acordo
prático sem acordo doutrinal. Isto não agradava a Dom Fellay e foi mudado. Com
certas condições, pode agora a Fraternidade fazer acordo prático sem acordo
doutrinal. É uma brecha. Brecha que pode levar a Fraternidade pelo caminho das
comunidades Ecclesia Dei. Ela não foi tão longe, mas baixou sua guarda e Roma
se aproveitou disso.
Dom Fellay reprimiu a resistência interna na
Fraternidade, expulsando Dom Williamson e alguns padres; depois puniu outros,
como os sete decanos que protestaram, acertadamente, contra o documento de Roma
a respeito dos casamentos. Dom Fellay desorganizou a Tradição, afastou-se da
linha de Dom Lefebvre e fez outros também se afastarem dela. Esta foi a razão
de existir a Resistência: resistir a tal afastamento.
Nós queremos seguir Dom Lefebvre em tudo, na doutrina
e também nas soluções práticas, pois, como ensinam Aristóteles e Santo Tomás,
os exemplos dos antigos servem de princípios de ação. Seguimos Dom Lefebvre na
doutrina e na ação, sobretudo em relação à Roma modernista, e isto para sermos
fiéis à Roma eterna, mestra de verdade e de santidade.
Kyrie eleison.
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